A 2.ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Curitiba aconteceu no último dia 26 pelo prefeito Gustavo Fruet, no Mercado Municipal. Realizada a cada quatro anos com a participação de representantes do poder público e da sociedade civil organizada, a Conferência é um dos fóruns de debate para que sejam retiradas propostas para a formulação de políticas públicas que vão nortear as ações de segurança alimentar nos próximos anos.
O evento se encerrou dia 27 , após a aprovação em plenária das propostas apresentadas e a eleição dos delegados que deverão participar das próximas etapas do processo, as conferências regional e estadual. Entre outras autoridades, a abertura também contou com a participação do secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Arnoldo de Campos.
“Quando defendemos uma Curitiba Mais Humana falamos sobre o incentivo à melhoria da qualidade de vida em todos os aspectos. Falamos do Plano Diretor, da incorporação de conceitos na saúde pública, do custo de coleta do lixo, do meio ambiente e do esporte. A segurança alimentar é um tema que definitivamente entra na agenda política do País e prioritário no município, mexe com distribuição de renda e inclusão social”, defendeu Fruet.
O acesso regular e permanente a alimentos de qualidade é hoje um direito constitucional, previsto em leis federais e tratados internacionais. Para que esse direito seja respeitado e possa ser efetivado pelas ações de políticas públicas, cada vez mais os agentes públicos percebem que é um dos temas que precisa ser desenvolvido. Na estrutura municipal, esse trabalho intersetorial é feito em conjunto entre o Abastecimento, Saúde, a Educação, o Meio Ambiente, o Esporte e Lazer e a Ação Social, entre outras pastas. A falta de uma alimentação adequada, de atividades físicas, ou de maus hábitos alimentares, por exemplo, vão impactar diretamente nos serviços de saúde pública, como a questão do sobrepeso e da obesidade.
O crescente consumo de produtos industrializados, com a geração de maior quantidade lixo, e o desperdício de alimentos foi outro ponto abordado pelo prefeito. “Curitiba é uma das poucas cidades no mundo que ainda faz coleta domiciliar de lixo e cerca de 40% é de lixo orgânico, isso me incomoda pelo desperdício de alimento”, afirmou. Ele defendeu a necessidade de se trabalhar para o melhor aproveitamento dos alimentos e também destacou que em Curitiba são servidas 275 mil refeições por dia na rede municipal de ensino, que faz parte do programa municipal de alimentação escolar. “Estamos trabalhando para ampliar a aquisição de produtos orgânicos para incrementar o cardápio”, afirmou.
O sobrepeso e a obesidade entre as crianças da rede municipal foi um problemas apontados na abertura do encontro. A situação é acompanhada pela Secretaria Municipal de Saúde. O problema também preocupa o governo federal, já que os índices no País estão crescendo.
“Saímos do mapa da fome e passamos para o mapa do sobrepeso e da obesidade. Hoje no País 52% da população adulta e 30% das crianças têm sobrepeso ou obesidade, segundo pesquisa feita nas capitais pelo Ministério da Saúde”, enfatizou Arnoldo de Campos. O secretário lembrou que em 1994 vivíamos no cenário de combate à fome e que o tema da segurança alimentar só retornou a agenda política em 2003, o que permitiu que o direito humano ao alimento fosse incluído na Constituição Brasileira.
“No ano passado saímos do mapa da fome. Esta é a primeira geração livre da fome e da miséria. Hoje R$ 77 bilhões são investidos pelo governo federal na segurança alimentar, sendo que 43 milhões de crianças todos os dias se alimentam nas escolas. As crianças estão crescendo mais porque estão se alimentando melhor, estão sendo orientadas. A estrutura da fome foi destruída, mas precisamos continuar trabalhando para alcançar aquela população que ainda não chegou onde chegou a maioria, para melhorar nossos índices”, defendeu o secretário nacional.
O secretário municipal do Abastecimento, Marcelo Munaretto, também destacou a importância de se pensar em uma Curitiba Mais Humana dentro do conceito da intersetorialidade para combater os problemas existentes. “Para construirmos uma Curitiba Mais Humana e escrever o futuro da nossa cidade temos que encarar a segurança alimentar do foco do ser humano, com a opção pela intersetorialidade. É por meio da intersetorialidade que vamos construir o acesso ao alimento de qualidade, a atenção na saúde, na educação, no esporte, no meio ambiente”, complementou o secretário.
Conferências
As propostas aprovadas durante a conferência municipal serão levadas, consecutivamente, à conferência regional, estadual e federal. As propostas que vierem a ser aprovadas devem estabelecer critérios, diretrizes e proposições que poderão vir a compor o Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, a ser elaborado em um ano.
A abertura da conferência também contou com a presença da presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Márcia Olescovski Fruet, e dos secretários municipais de Educação, Saúde, Meio Ambiente, Esporte, Lazer e Juventude; de representantes da Câmara Municipal e de outras entidades e associações relacionadas ao tema de Segurança Alimentar e Nutricional.
Fonte: Prefeitura de Curitiba
