Entenda o conceito de piora homeopática e por que ela ocorre
Por: Dra. Isis Dulce Pezzuol (PEDIATRIA – CRM 39546/SP)
A piora homeopática é um quadro comum de quem faz tratamento homeopáticos e faz parte do processo. Para entender melhor porque o paciente que segue a homeopatia piora antes de melhorar, é preciso entender os princípios desse tratamento.
A homeopatia é uma especialidade médica que trata os pacientes de uma forma global e não exclusivamente seus sintomas. O homeopata vê o indivíduo como um todo e tenta, através de medicamentos, mantê-lo equilibrado. Isso quer dizer que quando um médico homeopata receita um medicamento a uma paciente ele considera o indivíduo como um todo.
Por isso, podemos afirmar que o tratamento homeopático exige do profissional muita atenção. Diferentemente do medicamento alopático, que tem foco na doença, o medicamento homeopático carrega consigo uma “informação” e com a repetição de seu uso acaba ensinando o corpo a funcionar direito frente a agressões externas (bactérias, vírus, estresse, ansiedade…).
No entanto, neste movimento de trazer as doenças para ?fora? e assim eliminá-las pode acontecer um quadro de piora homeopática. Como o remédio copia a doença, o corpo acaba tornando os sintomas mais fortes por um tempo.
A piora homeopática não chega a incomodar, sendo ressurgimento de sintomas da própria doença, fugaz e que nos mostra escolha correta de medicamento. Desaparece na suspensão do uso do medicament, oexistindo um movimento de cura.
Já a agravação patogenética surge em pacientes com doenças crônicas, na repetição de medicação e em indivíduos hiperalérgicos. É desagradável, mas de forma geral fugaz. Mas por que isso acontece?
Piora homeopática: a Teoria da Semelhança
Hipócrates (460- 377 aC) considerado o Pai da Medicina elaborou uma teoria chamada Natura Medicatrix, segundo a qual as doenças se corrigem pelas forças curativas da própria natureza, “forçando a drenagem para fora do corpo”. Isso justifica a chamada “conduta expectante”, ou seja, as 72 horas de observação que as mães são orientadas a aguardar.
Ele também afirmava que as substâncias que provocam doenças também podem ser utilizadas para as tratar. Isso é fácil de entender quando pensamos em picada de cobra, em que o veneno é utilizado para cura. Desde o século III na China já se tem descrito o uso de medicamentos capazes de provocar os mesmos sintomas apresentados pelo doente, medicamentos esses administrados em doses muito diluídas, chamada então de Teoria da Semelhança.
Isso é diferente da forma de tratar usada na medicina alopática, que é norteada pelos estudos e observações de Galeno (138- 201 dC). Ele elaborou uma teoria que perdurou até a Renascença, tratando os pacientes segundo seus conceitos de anatomia e fisiologia. Na sua forma de tratar, o que interessava era a doença que deve ser combatida e não o doente. Esta seria então a Teoria dos Contrários.
Quando o paciente chega em consulta, de forma geral já passou em diferentes médicos e submeteu-se a diferentes tratamentos. A doença inicial acaba sendo mascarada e modificada. Excesso sequencial de tratamentos funcionaria como uma ?panela de pressão?, parece que a doença fica escondida. O tratamento então é feito com antibióticos, anti-inflamatório e etc., na Teoria dos contrários.
Hahnemann, pai da homeopatia como a conhecemos hoje, dizia que a doença não tratada com medicamento homeopático escolhido após cuidadoso exame não esta verdadeiramente curada. Essa afirmação é observada na prática diária de consultório homeopático. Tratamentos repetidos modificam e escondem a doença real. O iniciar do tratamento homeopático seria como um remexer interno trazendo a doença para a superfície mostrando sintomas novos ou retorno de sintomas antigos. Apesar de desconfortável, significam caminho de cura duradoura.
De qualquer forma, no momento de escolha do medicamento tudo deve ser levado em conta, principalmente o estado energético. Em pacientes debilitados devemos tratar com cautela para evitar as agravações. Mas é importante ressaltar que o medicamento homeopático não causa lesão.
Fonte: Minha Vida