Câncer de mama pode afetar mulheres jovens?

Fonte: Minha Vida

Manifestação precoce do tumor é frequentemente associada com mutações genéticas
Por: Dr. Wesley Pereira Andrade  (MASTOLOGIA – CRM 122593/SP)

A incidência de câncer de mama se relaciona diretamente com a idade da mulher, ou seja, quanto mais velha a mulher maior o seu risco de ter câncer de mama, sendo o pico por volta dos anos 80 de idade. No geral, o risco aumenta muito após os 50 anos de idade, sendo que cerca de 80% dos casos são diagnosticados nessa faixa. No entanto, mulheres jovens (<40 anos) também podem ser acometidas por câncer de mama, mas com uma incidência muito menor. Apenas 7% dos canceres de mama ocorrem abaixo dos 40 anos.
Os casos registrados em idade mais precoce giram em torno dos 20 anos de idade – mas são de extrema raridade. O principal fator de risco para mulher jovem ter câncer de mama é a presença de mutação genética, sendo os principais genes o BRCA1, BRCA 2, TP53 e o gene CHEK2.

As pacientes de risco elevado devem iniciar medidas de autoconhecimento das mamas (autoexame) associado a exame médico a partir dos 20 anos de idade.
Outro fator relacionado a câncer nesta faixa etária é o tratamento com radioterapia na região do tórax (normalmente para tratar um linfoma nesta região) durante a infância/adolescência. Esta radioterapia torácica afeta a mama em sua fase de desenvolvimento e predispõe o surgimento de câncer de mama geralmente 10 anos após a realização deste tratamento.

Demais fatores associados ao câncer de mama em idade jovem são: historia familiar de câncer de mama e ovário em parentes de primeiro grau, história de câncer de mama bilateral e história de câncer de mama em homens na família.
O diagnóstico de câncer de mama em mulheres jovens é bastante difícil, sendo um grande desafio para o médico, principalmente porque essa é a fase na qual a maioria das mulheres está muito envolvida com a carreira profissional e com aspectos reprodutivos/de maternidade. Nesta faixa etária a mamografia apresenta limitações, pois a maioria das pacientes tem mamas densas, o que dificulta a avaliação destas e identificação de eventuais tumores, podendo ser necessária a complementação com outros exames como ultrassonografia ou ressonância magnética.

A maioria dos casos se manifesta como a presença de nódulos palpáveis ou por alterações da pele (edema ou retrações), o que se correlaciona com tumores em fases mais avançadas. Tumores em mulheres jovens, em geral, são biologicamente mais agressivos, estando associados com menor chance de cura.

O tratamento da doença nesse fase da vida pode necessitar de cirurgia oncológica, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia o que pode ter efeitos negativos sobre a estética/autoimagem, fertilidade e também implicações psicológicas negativas.

Diagnóstico precoce para grupos de risco
As pacientes de risco elevado devem iniciar medidas de autoconhecimento das mamas (autoexame) associado a exame médico a partir dos 20 anos de idade. Deverá iniciar rastreamento imagiológico, isto é, a realização de exames de imagem para o diagnóstico precoce a partir dos 25-30 anos. Esta definição de qual idade iniciar os exames depende da presença ou não de mutação genética diagnosticada nos genes BRCA 1, BRCA2, TP53 e CHEK2, bem com a idade do parente que teve câncer de mama em idade mais jovem na família. Em geral o acompanhamento médico deverá iniciar 10 anos antes deste caso mais jovem. Para as mulheres que foram submetidas à irradiação na região torácica estes exames deverão ser iniciados 8-10 anos após o tratamento (mas não antes dos 25 anos de idade).

Alertamos que o citado acima sobre exames de rastreamento se aplica à realização de exames em pacientes que não tem sintomas. Paciente com algum sintoma deverá procurar o médico e o mesmo poderá solicitar estes exames em qualquer idade a depender da história da paciente e dos achados do seu exame clínico.

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